
“PARA SEMPRE”
Por que Deus permite
que as mães vão – se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.
Morrer acontece
Como o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.
Por que Deus se lembra
_ mistério profundo _
de tirá-la um dia?
Fosse eu Rei do mundo,
baixava uma Lei.
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.
Carlos Drummond de Andrade
Do livro Antologia Poética/ano 1985
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